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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Parte confusa de uma mente atordoada pela sanidade

Ele tinha aquela sensação na cabeça. O ciúme não era sua característica mais forte. Talvez fosse a mais irrisória de todas. Mas quando se tratava de sentimento ele raramente estava errado. Sempre percebeu o acontecia por trás de atitudes fora da rotina, lembrava-se agora de uma namorada da adolescência, ela tinha se apaixonado por outra pessoa, não trairia ele, e não sabia como contá-lo. Mas ele percebeu, nada falou, nunca acreditou em seus instintos. - Isso é coisa muito mais feminina. Pensava ele, sem de dar conta deque mais uma vez tinha razão, até ela vir e contá-lo. Ele aceitou com uma certa tranquilidade. Como todos os seres humanos não gostava de ser rejeitado, mas adorava a idéia de estar livre outra vez. Conformou-se. 
- Como pode depois de tanto tempo isso estar acontecendo de novo? 
Mais uma vez, mais de 15 anos depois, acho que já deve ter 32 agora, estar se repetindo tudo. Uma velha paixão surge e muda tudo, uma paixão velha que parece não ter morrido com o passar do tempo e que passa a impressão de estar se renovando agora.
- Quer dizer que você anda conversando com ele nas madrugadas? O que ele representa pra você?
- Você sabe que eu te amo! Era o que sempre ela dizia, completava com mais explicações:
- As vezes me falta sono, você está dormindo já, não posso te ligar, te entendo, você tem que trabalhar amanhã cedo. E as vezes o encontro no meio da noite, e conversamos sobre qualquer coisa. Ele é apenas um amigo hoje, se convença disso. E é uma pessoa que, inevitavelmente, me conhece. Por isso nos prolongamos mais em certas conversas.
Era exatamente isso que o incomodava. O fato de ela, sua pequena peça frágil que o completava depois de tanto tempo, estar conversando, em bate-papos online, e as vezes ao telefone, com seu antigo namorado. Talvez conversas longas sem assunto fixo. - Será que falam sobre o passado?
Sempre achou que estava enganado, a vida inteira. Não gostava de se sentir assim, achava injusto sentenciar algo por simples suspeitas suas. Mas o fato é que o seu coração estava apertado, e não importa o que ela falasse, ele havia visto uma pasta em seu computador. Como ela explicaria isso a ele. - Quero ver o que ela vai me dizer sobre isso. Na pasta haviam fotos dela ainda adolescente, algumas ainda era uma criança, uma linda menininha. A pasta estava intitulada apenas de "fotos". Em meio a fotos dela com amigas, havia fotos dele. - Por que ela guarda isso aqui se sabe que me incomoda tanto? Ela já me prometeu acabar com as conversas, ou pelo menos diminuir. Talvez esteja exagerando, talvez ela tenha esquecido isso aqui. Afinal são diversas pastas com milhares de fotos divididas por acontecimentos, e assim nomeadas. Essa pasta específica, denominada apenas de "fotos", havia sido criada a algum tempo, antes mesmo de eles estarem namorando, isso tornaria injusto o seu ciúme, era o que pensava. Mas ela já havia terminado com ele a mais de um ano quando criou aquela pasta e adicionou 3 fotos dele retiradas de algum site de relacionamento, sabia disso pois o nome dos arquivos eram extensos e confusos.
- Olhe, eu não sinto mais nada por ele. Nem lembrava que essas fotos estavam ai. Sempre fui muito sincera com você e você sabe disso. Sempre te contei tudo, a mais até do que deveria. Então acredite em mim, eu te amo, e só a você.
Era verdade, ela sempre fora muito sincera, as discussões de relacionamento que tiveram, em sua maioria, era por conta de alguma besteira que ele havia feito. Ela sempre foi explicita, e as vezes até de mais do que deveria. Coisas que ele nunca contaria, ela lhe falava. E no final ela ainda completava:
- EU TE AMO!
Seria muita falsidade dela falar isso da boca pra fora. Ele não era um homem de muitas posses, e por isso ela não estava com ele por interesses econômicos. Ela poderia deixá-lo se não o amasse. Não eram casados, se quer noivos. Ele tinha que acreditar. - Ela me ama. Só a mim.
Talvez aquilo continuasse em sua mente por muito tempo, aquele ciúme, aquela sensação. Sabe Deus quando esse aperto iria passar. O que ele sabe é que acredita nela, pelo menos por hoje. Fazer as pazes é o melhor de tudo. Fazer amor ao som de Vinicius de Moraes o fazia esquecer todo aquele desentendimento. E ainda o fazia acreditar mais nela ao ouvir o poeta dizer que "o ciúme é o perfume do amor". Ele só espera que Vinicius tenha razão.
- Já é tarde. Chega de conversas por hoje. Amanhã tenho que trabalhar. Vou dormir. 

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