El Mundo

Decidi escrever algo hoje que fale um pouco sobre a vida das pessoas, as coisas simples da vida, os pássaros, as arvores, um simples marca texto largado em cima da mesa. Mas as coisas estão podres lá fora, a bruxa ta solta e o bicho ta pegando quem corre, quem fica ele come. Lembro-me agora de uma musica da legião, na verdade um trecho dela: “cuidado com a coisa coisando por ai, a coisa coisa sempre e também coisa por aqui”. Sempre me perguntei o que era a “coisa”, hoje me assusto sabendo que a “coisa” pode ser qualquer coisa.

Coloquei Bob Dylan na vitrola – na verdade no celular, eu não tenho uma vitrola e muito menos um vinil do Dylan – e é incrível como assim fica mais fácil esquecer das milhares de vitimas do tsunami e do terremoto no Japão, ou das crianças que morreram ontem nos bombardeios das forças aliadas à Líbia, e isso sem falar nos nossos problemas internos que não são poucos.

Mas eu acordei hoje decidido a escrever algo sobre as coisas belas da vida, e vou fazê-lo. E é incrível como a morte insiste em estar mais insistente ultimamente, mas a vida não desiste. Olho pela janela, tanto concreto, tanta gente construindo mais concreto, mas os pássaros continuam a bailar no céu, as arvores resistem a impermeabilidade das calçadas e embelezam as fachadas com seu colorido natural, e as nuvens, ainda brincalhonas, assumem as mais diversas formas e ainda arrancam sorrisos das crianças. E as crianças, essas coisinhas de Deus, nos mostra, prova e ensina :”a vida é bela” e pode ser muito boa.

Os problemas ainda podem ser resolvidos, estou vivo nessa primeira e única viagem ao planeta terra. Valeu Dylan, dói de grande ajuda, mas agora tenho que ir tomar banho, almoçar e ir trabalhar. A noite a vida continua.