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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Aos meus nobres e saudosos velhos amigos

ainda que a saudade não fosse tão intensa
e as lembranças não me ocorressem com tanta veemência
e se a essa vontade de estar junto não se atribuísse tanta insistência
e se eu ainda tivesse meu violão

e ainda além desse samba canção, tivesse aquela canção pra gente sambar
e relembrar nosso passado que foi deixado acolá
e eu não tenho mais meu violão

queria que não fosse só minha esse vontade de se ver
nem unicamente meu, esse desejo de esquecer
nem que seja por uma noite os compromissos de crescer
e sair por ai cantando, ou gritando sabe se lá o que ou pra que

depois de tanto tempo nossas prioridade são outras
até nossos divertimentos, os momentos, nossas roupas
mesmo as nossas palavras, mais ríspidas ou sem compaixão
não divertem mais tanto quanto antes, falta inspiração
se eu ainda tivesse, ao menos, meu violão

já não saímos mais pra nada e sem nada pra fazer
já não tomamos mais cachaça pra achar graça de viver
já não subimos mais nas coisas nem andamos por ai
se divertir virou bobagem, a regra agora é curtir

parece que a madturidade nos apodreceu
e se ainda sobra lealdade, a poesia adoeceu
por que falar de arte hoje é coisa sem importância
acho que estou com saudade de nossa época de criança

quando nos achávamos o máximo, mas ainda era divertido
ficar na praça até tarde e se esquecer do esquecido
cantar um milhão de músicas até o litro acabar
me diga quando foi que deu pra reproduzir isso num bar

hoje a coisa é diferente, já temos dinheiro pra cerveja
nem dá mais pra comparar, nossas vidas não são mais as mesmas
e de todas as besteiras que eu falo a que mais parte meu coração
é que conseguimos a façanha de não sentir mais falta nem do violão  

me corrijam por favor se eu tiver errado ou se me falhar a memória
mas é triste perceber nosso passado
sem escrever direito nosso história
eu sei mudei também, (mais do que todos), tanto que hoje isso já é passado
mas minha saudade é mais sincera do que nosso tempo já enterrado

por favor não vos deixe morrer dentro de vós
nem aquela nossa vontade de viver
ainda que hoje tenham calado a voz
"nós" somos muito mais do que "eu e você"

essa é mais uma carta de despedida que um desabafo
mas quero pedir perdão a todas e a todas que eu magoei
não sei quando aparecei por aqui
mas será daqui a menos ou muito mais que um mês

de qualquer forma isso já não importa
a arte morreu ou está adormecida
tal qual um inceticída ao acabar com as pragas
me amordaça, também, essa nossa nova vida

mas sempre me lembrarei dos vagalumes
aqueles no caminho de sua casa
e de sair por ai sem direção, com neurônios como munição e armados com violão (e eu não tenho mais meu violão)
e apesar daquele vinho raro ter estragado
vou sempre me lembrar do "aproveite tudo"
e vou terminar sem mais rimas idiotas, citando o encontro marcado
"não analise não"
mas já analisamos demais.........
vocês estão ficando velho (e eu também)

Um comentário:

  1. Cara qnd eu li esse texto procurei algo para falar, pensei em falar o que senti, só que eu nao sei o que senti direito, mas axo que foi saudade misturada com um sentimento de crítica( o que nao foi ruim), na verdade uma reflexão sobre o que fomos nós , e percebi o quanto mudamos.

    Achei muito boa sua poesia, musica, texto, desabafo ou tudo junto em uma única página.

    Abração!!! SAUDADES!!!!

    Anderson T. Moscoso

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